terça-feira, 22 de agosto de 2017

Retrospectiva 15 anos Tumucumaque: “A biodiversidade é enorme em todos os aspectos”, diz geógrafa sobre o PNMT


Claudia Funi é especialista em geoprocessamento da SEMA/AP


“Foi meu primeiro contato com a floresta e superou minhas expectativas”, relatou a especialista em geoprocessamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amapá (SEMA/AP), Claudia Funi, sobre a participação no inventário biológico no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT). A geógrafa era responsável pela produção dos mapas antes e após as primeiras expedições de levantamento da biodiversidade, que ocorreram entre 2004 e 2006.

“Considero a biodiversidade o bem mais precioso que o Amapá possui. É algo que não podemos replicar. Em todas as expedições encontramos espécies novas, áreas de endemismo e grande diversidade”, afirma.

Claudia era responsável pela produção dos
mapas durante as expedições
A geógrafa, que veio de São Paulo para o Amapá, especialmente para essas expedições e acabou ficando no estado até hoje, fala que durante a coleta do inventário teve momentos incríveis:


“Em uma das expedições a quantidade de animais avistada era acima da média: veado, tamanduá, anta, jaguatirica, preguiça, paca, nunca vi tantos animais. Os macacos nos acompanhavam por quilômetros na trilha”, relata.

Claudia lembra que além dos pesquisadores, mateiros também acompanhavam as expedições, e com eles aprendeu ensinamentos sobre a mata.

“A biodiversidade é enorme em todos os aspectos. Através do contato com pesquisadores, mateiros e barqueiros, aprendi um pouco sobre a floresta, reconhecer algumas espécies, sons, sinais que animais deixam nas trilhas, nos igarapés há beleza e há perigo, o importante é respeitar”, ressalta. 
                     
Inventário Biológico

O projeto foi promovido pela Conservação Internacional, através do Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto de Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O inventário biológico desejava contribuir para a lista de espécies no corredor da biodiversidade. 
 
“A equipe de biólogos era bem animada e aceitavam o desafio de irmos o mais longe possível. Então navegávamos os rios por 2 até 7 dias para chegarmos no local escolhido”, conta Claudia.

As expedições dentro do PNMT foram realizadas entre 2004 e 2006.  Segundo Claudia, nove expedições foram feitas por via fluvial e uma por via aérea. Das dez expedições em floresta, cinco aconteceram no Tumucumaque.

“Foram realizadas dez expedições em áreas de floresta no PARNA Tumucumaque, FLONA Amapá e RDS Iratapuru. Para termos um melhor resultado, nós procurávamos ambientes diferentes em áreas de floresta. A escolha era feita usando sensoriamento remoto: imagens LandSat principalmente”, explica.

Conforme a geógrafa, as expedições eram de observação e coleta. Os biólogos eram especialistas em mamíferos terrestres, mamíferos voadores (morcegos), aves, crustáceos, peixes, répteis e anfíbios e botânicos.

“Quando chegávamos no ponto de estudo, um acampamento básico era montado e permanecíamos nele por cerca de 15,16 dias. Eram realizados 10 dias de estudos sistemáticos, com esforço amostral repetido em todas as expedições. Demais dias para montar a estrutura: abertura de trilhas, montagem das armadilhas”, ressaltou.

Claudia Funi é especialista em geoprocessamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA/AP), mestra em Biodiversidade Tropical e responsável pelo Projeto Base Cartográfica do Amapá.










Nenhum comentário: