terça-feira, 21 de agosto de 2012

Tumucumaque comemora 10 anos de criação

Alessandra Lameira
Assessora de Comunicação

O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT), completa nesta quarta-feira, 22 de agosto, 10 anos de criação. Para celebrar a data, a equipe gestora desta Unidade de Conservação realizará uma programação especial na primeira semana de setembro, que vai envolver o conselho consultivo do PNMT, Poder Público e a Sociedade Civil dos municípios do entorno do Parque.
Um acampamento está sendo montado num dos principais acessos ao Parque e esta atividade será marco na celebração pelos 10 anos de criação da unidade. Esta área abrigará o Centro Rústico de Vivência – CRV, que é o “embrião” de um possível Centro de Interpretação da Natureza.   O CRV será apresentado a um grupo de 40 convidados no dia 4 de setembro, sendo que no dia 5 (Dia da Amazônia) algumas atividades culturais e a realização de uma trilha coroarão esse momento de vivência do Parque.
“Centros de Interpretação da Natureza são espaços destinados a apresentar as características de uma unidade de conservação ou de áreas naturais para o público em geral”, afirma o analista ambiental Paulo Russo, que é Coordenador de Articulação Institucional e Comunitária & Educação Ambiental do PNMT.
Para toda essa mobilização, os convidados a participarem do acampamento serão deslocados de Macapá para a Serra do Navio que, em seguida serão conduzidos para o Parque através de voadeiras, a viagem no rio terá a duração aproximada de 4 horas.
Além da equipe do PNMT enviada para a montagem do acampamento e o apoio de colaboradores da região, o 34º Batalhão da Infantaria de Selva também auxiliou na realização deste evento.
Durante a comemoração, será apresentada ao público presente uma retrospectiva com os principais fatos relacionados ao Parque. A trilha que será feita pelo grupo de convidados os levará até as margens do Rio Feliz, onde está localizado um das mais belas paisagens da entrada do Parque por Serra do Navio. O momento cultural contará com o Grupo Raízes do Bolão que mostrará sua força regional através do Marabaixo.
Para a realização deste evento o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque tem o apoio da organização não governamental, WWF Brasil, e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).
O ordenamento do Uso Público no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque está em processo de elaboração. Atualmente, em acordo com o trade turístico da região, a visitação deve possuir um caráter educativo, conforme norteia o Plano de Manejo da Unidade.
“E uma oportunidade para redirecionarmos os rumos da gestão para melhorarmos nossa eficácia. Estamos cientes que muita coisa está ainda por ser feita. Em especial no que diz respeito ao fortalecimento do sentimento de propriedade, responsabilidade e também orgulho por parte da população amapaense perante ao PNMT. A equipe gestora tem a missão de conduzir esse processo e, diga-se de passagem, estamos vivendo talvez a fase mais interessante na trajetória de implementação da unidade, em que, após a aprovação do Plano de Manejo, podemos focalizar os trabalhos nos objetivos finalísticos de um Parque Nacional. Nesse sentido, destaca-se o desejo proeminente de abrir a unidade à visitação, dando ainda mais visibilidade à mesma e ao Estado do Amapá como um todo, mas também proporcionando oportunidades de emprego e renda às populações do entorno, mediante à prestação de serviços demandados pela atividade (eco)turística. Além disso, a pesquisa científica, a educação ambiental, a recreação ao ar livre, o contato com a natureza são objetivos importantes que devem nortear o trabalho dos gestores do PNMT”, afirma o chefe do PNMT, Christoph Jaster.

 Tumucumaque
O PARNA do Tumucumaque é o maior Parque Nacional do Brasil e uma das maiores áreas de floresta tropical protegidas do mundo, com uma área aproximada de 3.867.000 hectares.
Esta Unidade de Conservação foi criada em 22 de agosto de 2002 e está localizada numa porção da Floresta Amazônica bem peculiar, com características únicas e ainda pouco conhecidas, na região conhecida como Escudo das Guianas, ao noroeste do Estado do Amapá. O órgão federal responsável por sua gestão é o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio. O Parque abrange parte dos municípios de Oiapoque, Calçoene, Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio e Laranjal do Jari; além de uma pequena porção do município de Almerim, no Estado do Pará.

Como funciona a fiscalização?


A fiscalização consiste na repressão das infrações ambientais através da aplicação de instrumentos administrativos como advertência, multa, apreensão, embargo, entre outros. Os Analistas Ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio possuem poder de polícia no interior das unidades de conservação federais, e desta forma zelam pelo cumprimento das leis ambientais nessas áreas.
Foto: Alessandra Lameira
As infrações ambientais mais comuns na região do Parque são a caça de animais, coleta de ovos de tracajá e o garimpo clandestino. O garimpo destaca-se pela sua gravidade, pois onde há garimpo, além do assoreamento e contaminação dos corpos hídricos, ocorre caça constante para alimentação dos garimpeiros, desmatamento para construção de barracos e armazenamento irregular de produtos perigosos, como mercúrio e combustível.
Nas atividades de fiscalização os agentes do ICMBio, que podem contar com apoio da Polícia Federal, Exército, IBAMA e Polícia Militar, quando flagram infrações ambientais, aplicam as medidas necessárias para cessar a atividade degradante. No caso de um garimpo, por exemplo, a área pode ser embargada (interditada), o maquinário e material utilizado podem ser apreendidos e os garimpeiros podem ser multados.
Como quase todo Parque está na faixa de fronteira (faixa de 150 km a partir das fronteiras do Brasil com os países vizinhos), o Exército é um parceiro estratégico, pois dentro dessa faixa pode exercer poder de polícia, agindo na prevenção e repressão aos crimes transfronteiriços e ambientais.

Fauna


Não temos informações sobre endemismo das espécies da fauna silvestre presente no PARNA M. do Tumucumaque, para o qual seriam necessárias pesquisas biogeográficas aprofundadas. Entretanto o PNMT abriga algumas espécies em risco de extinção em outras regiões do Brasil e constantes na lista vermelha de espécies ameaçadas. São elas: Caxiú, tamanduá-bandeira, onça pintada, juguar, tatu-canastra, ariranha e cachorro-vinagre.


Caracterização da Vegetação


O PNMT é quase integralmente dominado pela Floresta de Terra Firme (ou Floresta Ombrófila Densa Amazônica, que é um tipo de floresta pluvial tropical), em excepcional estado de preservação e clímax sucessional (condição máxima de desenvolvimento estrutural). Tal situação evidencia rica biodiversidade, árvores exuberantes, algumas superando 50 metros de altura e com troncos avantajados. Uma listagem das espécies arbóreas ali encontradas sempre estaria incompleta, entretanto é possível destacar algumas das mais importantes. São elas:
 
Abiorana (Pouteria sp.); Açaí (Euterpe oleracea); Acapu (Vouacapoua americana); Acariquara (Minquartia guianensis); Anani (Symphonia globulifera); Angelins (Hymenolobium spp.); Breu (Protium paniculatum); Castanheira (Bertholletia excelsa); Cedrorana (Cedrelinga catenaeformis); Cupiúba (Goupia glabra); Faveira (Vataireopsis speciosa); Ingás (Inga spp.); Ipês (Tabebuia spp.); Jarana (Holopyxidium sp.); Louro (Ocotea sp.); Maçaranduba (Manilkara huberi);  Mandioqueira (Qualea sp.); Maparajuba (Mimusops maparajuba); Matamatá (Eschweilera sp.); Piquiá (Caryocar villosum); Pracaxi (Pentaclethra macroloba); Quaruba (Vochysia sp.); Tachi (Tachigali myrmecophila); Tauari (Couratari multiflora); Ucuúba (Virola surinamensis).
           Algumas dessas árvores são tradicionalmente utilizadas pela qualidade da madeira (acapu, piquiá, ipê, acariquara, angelim, etc.). Outros fornecem frutos ou subprodutos comestíveis (açaí, castanheira, ingás, etc.). O breu é utilizado na indústria de cosméticos e na medicina popular, a casca do tauari é utilizada como palha para enrolar cigarros.
Na floresta, cada espécie tem características próprias de ocupação do espaço (vertical, horizontal), distribuição, preferência de solo, exposição à luz solar, estratégia de reprodução, dispersão espacial, etc. Algumas se agregam em grupos (castanheira, Angelim), enquanto outras são esparsas. No PNMT podemos afirmar que, quando uma espécie é rara, ela o é por sua própria condição ecológica natural e não por uma eventual interferência antrópica, como explotação predatória ou desmatamento desenfreado. Ainda assim, temos poucas informações sobre as características individuais das espécies arbóreas da floresta do PNMT, o que remete a um vastíssimo campo de pesquisa científica. Proporcionar esse tipo de atividade, junto com a visitação, recreação, educação ambiental e a própria proteção da natureza, constitui os objetivos primários de um Parque Nacional.

domingo, 19 de agosto de 2012

O mundo de Shahla Lotfi

Shahla Lotfi é mãe, empresária e voluntária. Nasceu em 24 de dezembro de 1955, na véspera de Natal, no norte do Iran. Cresceu numa comunidade agrícola, sua família criava carneiros e vivia de produção rural. Na adolescência, após fazer um curso técnico, resolveu fazer ser voluntária na Índia trabalhando com a Comunidade Bahá’i. Devido a problemas políticos em que o seu país passava, seus pais decidiram manter Shahla longe por um tempo, com isso ela acaba ganhando o mundo morando em vários países e tendo várias experiências.
Professora Shahla Lotfi durante a 17ª Reunião do CPMT.
Fotos Alessandra Lameira
Quando chegou ao Brasil, morou dentro de um barco por 8 anos no Amazonas, desenvolvendo o Projeto Luz-Verde, que abordava educação espiritual, moral e social, sempre com o conteúdo de sustentabilidade. Sempre foi encantada pelo norte do Brasil.
Shahla veio morar no Amapá em 1991. Contratada pela antiga Icomi começou a dar aulas de inglês em Serra do Navio. Apaixonada pela localidade adquiriu uma chácara em Pedra Branca do Amapari. Casou com um brasileiro. É mãe de Sara (15 anos) e Sophia (11 anos). Lotfi também possui uma franquia da escola de idiomas Skill, localizada em Macapá.
Chácara da Shahla em Pedra Branca do Amapari.
Fotos: Alessandra Lameira
Através da Comunidade Bahá’í, Shahla desenvolve projetos sociais nas comunidades carentes em vários locais do estado. Entre eles estão o Curiaú e a Escola Estadual Dom Pedro.  
Após um tempo, divorciada, comprou a parte da chácara do ex-marido. E num sonho antigo, com o intuito de preservar e conservar o local, resolver transformar a propriedade em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
Belezas naturais da Chácara de Shahla.
Fotos: Alessandra Lameira
A vontade de proteger a natureza é o ponto de partida para que chácara de Shahla seja destinada a proteção integral. O objetivo é transforma aquela área em um ponto de turismo ecológico e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental e pesquisa cientifica, não comprometendo o equilíbrio ecológico das espécies ali existente.  Juntando o sonho e a vontade de proteger a chácara de Shahla, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque realizou nos dias 26, 27 e 28 de julho a 17ª Reunião do Conselho Consultivo do PNMT. Os conselheiros ficaram hospedados e fizeram uma visita técnica à propriedade. E pensando no futuro, os Analistas Ambientais do PNMT irão prestar apoio para Shahla, viabilizando o reconhecimento de parte da área da Chácara como uma RPPN.

Professora Shahla no ambiente de trabalho, na Skill.
Fotos: Alessandra Lameira
O que é uma RPPN? É o nome dado a uma propriedade particular que, devido à sua biodiversidade ou aspecto paisagístico, é declarada “área de conservação da natureza”, gravada com perpetuidade pelo Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis através do SNUC.  
Comunidade Bahá’i.  É uma religião mundial, independente, com suas próprias leis e escrituras sagradas, surgida na antiga Pérsia, atual Irã em 1844. A Fé Bahá’í foi fundada por Bahá’u’lláh, título de Mirzá Husayn Ali (1817-1892) e não possui dogmas, rituais, clero ou sacerdócio.
Com aproximadamente 7 milhões de adeptos, é a segunda religião mais difundida no mundo, superada apenas pelo Cristianismo, conforme afirma a Enciclopédia Britânica. Os bahá’ís residem em 178 países do mundo, em praticamente todos os territórios e ilhas do globo.
No Brasil desde fevereiro de 1921, com a vinda da Sra. Leonora Holsapple Armstrong. A Sra. Armstrong faleceu na Bahia, em 1980 e desde aquele ano, Assembléias Legislativas Estaduais e Câmaras Municipais de Vereadores de diversas capitais e cidades brasileiras a têm homenageado concedendo seu nome a praças e logradouros públicos, dentre estas, citamos Manaus, Vitória, Natal, Rolândia, Londrina, Juiz de Fora. Hoje os bahá’ís formam um contingente de aproximadamente 57.000 pessoas, das mais diversas classes sociais, culturais e econômicas, residentes em aproximadamente 1.215 cidades e municípios brasileiros, em todas as regiões.
A Comunidade Bahá’í é reconhecida no Brasil por estabelecer projetos de desenvolvimento econômico e social em diversas regiões do país.





quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Equipe do PNMT e Exército realizam expedição no Tumucumaque

Alessandra Lameira
Assessora de Comunicação do PNMT


A equipe gestora do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT) em conjunto com os militares do Comando do 34º Batalhão de Infantaria de Selva realizaram no início deste mês uma expedição ao PARNA do Tumucumaque, via Serra do Navio.  O objetivo desta expedição é implantar as primeiras estruturas para o Centro Rústico de Vivência (CRV).
Foto: Alessandra Lameira

Após uma viagem de 4 horas de Serra do Navio ao Tumucumaque, o exército e a equipe do PNMT chegaram ao destino desejado, o qual puderam fazer observações e esquematizar a construção do CRV, com o objetivo de ficar pronto até 22 de agosto, para ser inaugurado como parte das comemorações pelos 10 anos de criação do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. Outro destaque também foi à realização de uma trilha ecológica para o Rio Felício, o qual está localizado umas das principais paisagens do PNMT.
Foto: Alessandra Lameira
No aniversário de 10 anos do PNMT, a equipe gestora almeja realizar um acampamento no local. Para celebrar a data, a equipe desta Unidade de Conservação realizará uma programação especial que vai envolver autoridades nacionais e locais, integrantes do Exército e lideranças da Sociedade Civil.
Para a realização deste evento o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque tem o apoio da organização não governamental, WWF Brasil, e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).